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Maligno | Crítica


James Wan retorna a suas origens para nos entregar um novo clássico do terror.

Em Maligno, Madison (Annabelle Wallis) passa a ter sonhos aterrorizantes de pessoas sendo brutalmente assassinadas. Ela acaba descobrindo que, na verdade, são visões dos crimes enquanto acontecem. Aos poucos, ela percebe que esses assassinatos estão conectados a uma entidade do seu passado chamada Gabriel. Para impedir a criatura, Madison precisará investigar de onde ela surgiu e enfrentar seus traumas de infância.

Com Maligno, o diretor James Wan mostra que está em busca de suas origens, e é possível ver no longa algumas semelhanças com pelo menos dois de seus melhores trabalhos. Em alguns dos assassinatos está presente a brutalidade vista em Jogos Mortais, assim como na forma que ele trabalha seus Jump Scares. Os sustos que o filme traz dessa forma são sempre bem colocados, e não são daqueles que você não espera, é mais a forma como ele acelera uma cena que você já está vendo e que acaba sempre com alguém morto.

Outro trabalho do diretor que o longa me lembrou foi Sobrenatural. Os movimentos de câmera usado nas cenas dentro de casa são muito marcantes nas duas obras. Como já dá para notar no começo do filme, quando o marido da protagonista Derek (Jake Abel) acorda ouvindo barulhos estranhos em casa. A câmera acompanha a visão do personagem atrás dele, mostrando que ele está olhando para algum lugar, e então a cena para e somente a câmera mexe mostrando o outro lado onde o personagem não está vendo, e retorna para a visão de antes. Nesse momento alguma coisa que não estávamos percebendo aparece, e aquela apertadinha na cadeira do cinema é quase inevitável.

O roteiro é assinado por Akela Cooper, e nós podemos ver seus trabalhos anteriores no gênero do terror na série Chambers da Netflix, a qual também é criadora, também em um episódio em Roanoke, uma das melhores temporadas de American Horror Story. Já em Maligno ela começa a história de uma forma que me causou estranheza. Isso porque o filme parece entregar demais com um começo muito acelerado, como se não nos desse o tempo para sentir a história.

De cara ela nos mostra a tal entidade que a sinopse e o trailer do filme nos apresentam como o assassino por trás dos crimes que Madison enxerga, e o pensamento de que eu estava vendo mais do que gostaria me acompanhou até a metade do filme. Mas quando as revelações da trama começam a acontecer é fácil perceber que a sensação do começo era proposital, e nós estamos no lugar exato que Akela Cooper e James Wan queriam que estivéssemos para que o final funcione.

Dito isso é imprescindível avisar que qualquer spoiler sobre o final vai estragar a sua experiência. É aqui que reside a grandeza do filme de James Wan, e o motivo de ele ser tão fora da curva. Já que por mais que a gente perceba várias coisas que já foram feitas antes, inclusive pelo próprio diretor, a forma como ele entrega a história no final é diferente, e um diferente muito bem-vindo. E isso ainda vai fazer com que Maligno precise ser visto mais de uma vez, para que possamos entender como tudo isso é construído, dando ainda mais sentido para o começo do filme.

No elenco temos Annabelle Wallis interpretando Madison e sendo fundamental para a história funcionar. Ela entrega uma personagem intensa e que parece perdida dentro de sua própria história, ao mesmo tempo com a força e a determinação para retomá-la. E ainda fazendo a Madison jovem temos a McKenna Grace que também é fantástica, ela faz aquele tipo de criança que vai nos deixar sem sono por vários dias.

No resto do elenco pouca gente se destaca além do funcional. Talvez a que mais tem para fazer é Maddie Hasson, que faz Sidney, a irmã de Madison. Ela trabalha muito bem para o desenvolvimento da protagonista, mas também tem o momento que menos dá para engolir no filme. É uma cena que ela precisa buscar uma coisa em um lugar muito grande, e acha quase como por mágica. Mais culpa da direção que da atriz, mas é difícil não notar. Os outros dois que mais aparecem são a dupla de policiais que acompanham o caso, vividos por George Young e Michole Briana White, que são investigadores bem genéricos, mesmo com bastante tempo de tela.

É muito difícil contar o quanto o final do filme é bom sem poder dizer o porquê, mas uma das coisas que mais me surpreendeu foi a ligação entre a vítima e o assassino no filme. James Wan faz essa relação funcionar muito para o gênero do terror, e ainda deixa reflexões bem fortes para o pós filme.

Maligno é feito para os fãs do horror, aqueles que vão sentir essa viagem pela história do gênero. E mesmo que talvez não caia no agrado de todos, a gente deve falar dele por muito tempo ainda.


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