James Gunn faz sua estreia na DC com identidade, sangue, diversão e muita ação.

Mais uma vez Amanda Waller (Viola Davis) vai reunir um time de vilões com o objetivo de realizar uma missão que ninguém mais teria coragem de fazer. Ou pelo menos seriam tão dispensáveis para se arriscar nela.
Em uma espécie de sequência/reboot além de novos vilões, temos os retornos Joel Kinnaman, Jai Courtney e Margot Robbie nos papéis de Rick Flag, do Capitão Bumerangue e da maravilhosa Arlequina para essa nova missão.
Primeira coisa a se falar dessa sequência, que na verdade só surgiu para que Margot Robbie pudesse voltar sem maiores explicações. Com ela temos também o bom retorno de Rick Flag e o sempre dispensável Bumerangue. Fora isso, não existe praticamente nenhuma referência ao filme de David Ayer de 2016, o que permite que as pessoas possam assistir ao novo longa sem se preocupar com os eventos do anterior. Com isso, James Gunn consegue economizar um tempo de tela sem precisar apresentar personagens já conhecidos, e nem explicar a própria iniciativa da Força Tarefa X. Um tempo que depois vamos ver que ele usa muito bem.

Nessa nova missão Amanda Waller envia esse novo grupo de vilões para a Ilha de Corto Maltese. Lá, aconteceu um golpe militar, e as informações apontam que o local possui uma poderosa arma que poderia colocar os Estados Unidos em risco, já que esse novo “governo” tem claras intenções antiamericanas.
O que já me empolgou de cara foi rever a Ilha Corto Maltese, principalmente por saber o que representava. E para quem ainda não se familiarizou com o nome, essa Ilha é um país fictício em algum lugar da América do Sul, e que já apareceu em várias histórias da DC. Na minha lembrança veio uma das mais recentes, já que a Ilha aparece na série da CW Arrow. É lá que Tea Queen vai treinar com seu pai Malcom Merlin em uma das vezes que o lugar é citado. Mas Corto Maltese também já apareceu na série da Supergil, em Smallville e até uma menção nas telonas no filme do Batman de 1989. Um dos muitos easter eggs que o filme vai trazer.
O roteiro é assinado pelo diretor James Gunn, e não poderia ser mais simples. A Força Tarefa X precisam acabar com uma grande ameaça, e se possível voltarem vivos. Uma história que não se preocupa em ir além disso, dando espaço para o que eu realmente queria ver, super vilões quebrando tudo.
Mesmo assim, ainda falta um grande antagonista para esse governo de Corto Maltese, pelo menos alguma figura a frente desse exército que pudesse trazer algum peso, ou um sentimento de ameaça, já que seus líderes não serviram para isso. E mesmo que no fim a grande ameaça seja um monstro gigante (não é spoiler, está no trailer), eu ainda sinto que esse governo deveria ter mais força, assim como a resistência citada no filme que não serve para quase nada.

Mas não foi por isso que fui assistir esse filme, eu queria a ação, e é aí que James Gunn brilha. Definitivamente estamos diante de um diretor de uma assinatura já inconfundível, bater o olho e já saber que se trata de James Gunn. A começar pela trilha sonora que é incrível, com músicas que o público facilmente vai reconhecer, e que sempre ajudam a empolgar as cenas feitas pelo diretor. E até um Glória “Groooooveee” rolou.
James Gunn faz cenas de heróis como poucos. Sempre muito dinâmicas, usando câmeras giratórias, ele cria cenas que realmente empolgam e que tiram o melhor do que os personagens têm a oferecer. Principalmente por ser seres super habilidosos, onde ele usa o “poder” de cada um deles para movimentar a cena, e isso fica muito legal. Um bom exemplo é com o Capitão Bumerangue, onde ele segue o bumerangue jogado por ele, não só para mostrar o estrago que ele faz, mas como levar a cena para outro ponto, onde já tem outra coisa acontecendo, e assim ele faz uma sucessão de cenas muito bem montadas e que ditam o ritmo do filme. O que James Gunn faz com Arlequina em uma cena que ela está com um vestido vermelho, lutando contra vários guardas dentro de uma casa, é quase um balé com muita porrada, tiros e sangue na tela.
Não é só na ação que James Gunn trabalha bem com seus personagens, mas também consegue dar uma identidade única para eles. Isso já está virando especialidade de Gunn, trabalhar com personagens que ninguém conhece, e fazer com que eles sejam amados pelo público logo depois da sua primeira aparição. E assim como fez com Guardiões da Galáxia, em O Esquadrão Suicida ele nos entrega personagens que já me faz querer ter alguma coisa deles nas coleções aqui de casa.

O elenco está praticamente todo muito bem, mesmo tendo bons personagens, todos eles têm o tempo devido de tela, e todos são úteis em algum ponto do filme. O filme não teria como terminar se qualquer um deles não estivesse ali.
Eu nem tenho mais o que falar de Margot Robbie né? Ela simplesmente é a Arlequina, e mais uma vez entrega a perfeição. Idris Elba está maravilhoso na pele do Sanguinário, conseguindo entregar as várias facetas que o personagem pedia, e são deles as duas melhores cenas dramáticas do filme. David Dastmalchian e Daniela Melchior fazem ótimas atuações com o Bolinhas e a Caça Ratos 2, e deixam momentos memoráveis dentro filme.
Se tem um que eu posso dizer que não me convenceu, foi John Cena. Um personagem que praticamente não tem nuances, e nas poucas vezes que consegue brilhar é graças ao Idris Elba. Quando o protagonismo cai nas costas dele, ele não segura. Claro que não podemos esquecer de Sylverster Stallone como o Tubarão-Rei. Nem sei dizer se pela dublagem mesmo, ou pelo personagem, só sei que eu amei.

Mais uma peça fundamental para o filme de James Gunn é o humor. Assim como em tudo em O Esquadrão Suicida, o humor está no lugar exato. Praticamente todas piadas funcionam, e encaixam perfeitamente no ar anárquico que o filme propõe, indo desde a piadinha boba, passando por piadas situacionais com a Arlequina, até uma situação que envolve o personagem Bolinha, que além de engraçada, é genial.
O Esquadrão Suicida é o filme que eu queria, e nem sabia disso. Com uma aparência desajustada como os seus protagonistas, mas que de alguma forma cumpre a missão no final.
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