A Sequência de Venom não consegue ir além de mais uma briga de simbiontes, recheada de histórias mal contadas.

Em Venom – Tempo de Carnificina, depois de um ano dos acontecimentos do primeiro filme, Eddie Brock (Tom Hardy) está com problemas para se acostumar com o simbionte Venom. Eddie tenta se restabelecer como jornalista ao entrevistar o serial killer, Cletus Kasady. Nessa visita Kasady acaba tendo contato com uma parte do simbionte se tornando o Carnificina, e vai atrás de vingança contra Venom.
O longa realmente não consegue contar uma boa história. A briga entre os simbiontes vem só de uma vingança de Cletus contra Eddie, pois ele acha que foi o jornalista que o condenou a pena de morte. Uma história já sem graça e que é recheada por mais duas que também não conseguem se fazer interessantes. Uma delas é o próprio passado de Kasady e a relação de Eddie com Venom.

A primeira seria onde o longa conseguiria trazer algo de relevante, podendo trazer profundidade ao Cletus Kasady e aproveitar Woody Harrelson para criar um grande vilão. Mas assim como no primeiro longa, o roteiro aposta em criar um personagem caricato, só que dessa vez exagerado para tentar entregar alguma coisa e não consegue.
A história de Kasady Começa a ser contada a partir da relação dele Frances Barrison (Naomi Harris) ainda no orfanato, criando um amor entre os dois. Mas eles são separados quando ela vai para Ravencroft para ser estudada já que tem poderes ‘mutantes’. Uma história que nos quadrinhos é bem mais complexa e aqui se reduziu ao namorinho de infância. A história da infância de Kasady ainda tenta ser contada em forma de desenho, mas além de ficar ruim dentro da estética do filme, ainda é completamente desnecessária dentro da trama.
Além de não conseguir construir bem o seu vilão, o roteiro ainda desperdiça seus personagens secundários. Começando pela própria Frances, que é a mutante Shriek nos quadrinhos, nome que não é nem mencionado no longa. Além disso, ela praticamente não tem um arco próprio, e nem uma grande importância para a história, ficando apenas com mais uma vingança, dessa vez contra o detetive Mulligan, mais um personagem que não serve para nada no filme. Se tirassem qualquer um dos dois, não faria diferença nenhuma no final.

Mais outro desperdício é o retorno de Michelle Williams como Anne e seu namorado novo Dan (Reid Scott). Primeiramente porque a relação dela com Eddie não avança, e ela acaba servindo como a mesma bengala do primeiro filme, importante quando por algum motivo Eddie se separa do simbionte. E para piorar o filme ainda precisa botar Dan, que além de não ter nenhuma função dentro do roteiro, ainda tem a tentativa de botar ele como um salvador no meio de uma luta. Sério, essa cena é ruim demais, só vendo para vocês entenderem o quanto.
E aí nós temos a relação entre Eddie e o Venom, uma espécie de Bromance, ou até quase um romance, com crises conjugais e tudo. Se no primeiro filme essa relação já parecia ruim, aqui eles elevam isso ao quadrado. As piadas não funcionam, e não é nem só o fato de não funcionar, elas realmente não ruins, cerca de 90% delas não tira nem aquele sorrisinho sem graça. Além de todo o arco da briga de casal dos dois, o que leva Venom em uma jornada própria pela cidade, rodeada de momentos da mais pura vergonha alheia.
O filme tem apenas uma hora e meia de duração, o que poderia trazer um bom dinamismo já que o roteiro não passa de mais uma briga de simbiontes. Mas para acelerar o filme para caber nesse tempo o diretor Andy Serkis faz uma montagem horrível, transições de cena malfeitas, e recursos repetitivos para contar coisas que não estamos vendo. Por exemplo quando usa durante todo filme o recurso da televisão para contar o que está acontecendo, uma muleta bem preguiçosa do roteiro que parecia que estava com pressa de terminar o filme.

Para não dizer que tudo foi ruim, o CGI do filme tem uma melhora significativa em relação ao primeiro. Venom está muito mais nítido, e seus movimentos muito mais fluidos. As cenas dele com Eddie estão muito mais agradáveis de ver, mas a grande melhora está na luta entre os dois simbiontes, que está muito mais clara, e com efeitos bem melhor que a do longa anterior. E isso num filme que é praticamente sobre essa luta, é muito bem-vindo.
Venom – Tempo de Carnificina continua apostando mais na fama do personagem para fazer sucesso, do que em fazer um filme realmente bom. E por fim, consegue ser ainda pior que o primeiro.
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